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Capítulo 3: III

Página 123

«Nem mesmo então, nessa hora de suprema agonia, o nosso Misericordioso Redentor deixou de sentir piedade pela humanidade. E ali mesmo, no monte do Calvário, fundou a Santa Igreja Católica, contra a qual, segundo foi prometido, não prevalecerão as portas do Inferno. Fundou-a sobre a rocha dos tempos, e dotou-a com a Sua graça, com os sacramentos e os sacrifícios, e prometeu que, se os homens obedecessem à palavra da Sua Igreja, teriam acesso, apesar de tudo, à vida eterna; mas se, depois de tudo o que havia sido feito por eles, persistissem na sua maldade, lhes estaria reservada uma eternidade de tormentos: o Inferno.

A voz do pregador enfraqueceu. Fez uma pausa, uniu as mãos por um instante e separou-as de novo. Depois prosseguiu:

- E agora tentemos entender, por um momento, na medida das nossas possibilidades, a natureza dessa morada dos condenados, que a justiça de um Deus ofendido criou para castigo eterno dos pecadores. O Inferno é uma prisão estreita, escura e malcheirosa, a morada dos demónios e das almas perdidas, cheia de fogo e de fumo. A estreiteza dessa prisão foi expressamente destinada por Deus a punir os que se recusaram a limitar-se às Suas leis. Nas prisões terrenas, o pobre cativo tem, pelo menos, alguma liberdade de movimentos, nem que seja dentro das quatro paredes da sua cela ou no pátio sombrio da sua prisão. Não é assim no Inferno. Ai, em virtude do grande número dos condenados, os prisioneiros encontram-se amontoados na sua horrível prisão, cujas paredes se diz terem quatro mil milhas de espessura: e os condenados estão de tal forma imobilizados, de tal forma impotentes que, como um bem-aventurado santo, Santo Anselmo, escreve no seu Livro das Similitudes, nem sequer podem retirar dum olho o verme que o devora.

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 123

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186