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Capítulo 3: III

Página 150
Rezou ao lado deles, mas era difícil. A sua alma estava manchada pelo pecado e ele não ousava pedir perdão com a confiança simples daqueles que Jesus, segundo os misteriosos caminhos de Deus, chamara primeiramente para o Seu lado, os carpinteiros, os pescadores, gente pobre e simples com um ofício humilde, manejando a madeira das árvores e dando-lhe forma, consertando as suas redes com paciência.

Uma figura alta avançou pela nave e os penitentes agitaram-se; e, no último momento, erguendo rapidamente o olhar, ele viu uma longa barba grisalha e o hábito castanho de um frade capuchinho. O padre entrou no confessionário e ficou oculto. Dois penitentes ergueram-se e entraram no confessionário, de ambos os lados. A porta de madeira foi afastada e o vago murmúrio de uma voz perturbou o silêncio.

O sangue começou a murmurar nas suas veias, murmurando como uma cidade pecaminosa acordada do seu sono para escutar a sua condenação. Pequenos flocos de fogo do Inferno e de cinzas pulverulentas caíam lentamente sobre as casas dos homens. Eles agitavam-se, acordando do seu sono, incomodados pelo ar aquecido.

A porta de madeira foi de novo corrida. O penitente emergiu de um dos lados do confessionário. Abriu-se o outro lado. Uma mulher penetrou silenciosamente, com à-vontade, no local de onde saíra o primeiro penitente. O vago murmúrio recomeçou.

Ele ainda podia fugir da capela. Podia levantar-se, pôr um pê diante do outro e sair sem ruído, e depois começar a correr, a correr, a correr velozmente pelas ruas escuras. Ainda podia fugir à vergonha. Se ao menos tivesse sido qualquer outro crime, que não aquele! Se tivesse cometido um assassínio! Os pequenos flocos ardentes caíam e tocavam-lhe em todos os pontos, pensamentos vergonhosos, palavras vergonhosas, actos vergonhosos.

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 150

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186