Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 3: III Pág. 151 / 273

Sentia-se inteiramente coberto de vergonha, enquanto finas cinzas ardentes continuavam a cair continuamente. Dizê-lo por palavras! A sua alma, sufocada e impotente, morreria ali mesmo.

A porta foi corrida de novo. Um penitente emergiu do outro lado do confessionário. A porta do seu lado foi corrida. Entrou um penitente para o local donde o outro saíra. Um leve ruído murmurado flutuou, em pequenas nuvens vaporosas, saindo do confessionário. Era a mulher: suaves nuvens sussurradas, um suave vapor sussurrado, erguendo-se e desaparecendo.

Bateu humildemente no peito com o punho, secretamente, a coberto do suporte para os braços. Unir-se-ia aos outros e a Deus. Amaria o seu próximo. Amaria Deus que o tinha criado e o amava. Ajoelhar-se-ia e rezaria com os outros e seria feliz. Deus olharia para ele e para os outros e amá-los-ia a todos.

Era fácil ser bom. O jugo divino era doce e leve. Seria melhor nunca ter pecado, ter continuado a ser sempre uma criança, porque Deus amava as criancinhas e deixava que fossem até Ele. Pecar era uma coisa terrível e triste. Mas Deus era misericordioso para com os pobres pecadores que estavam verdadeiramente arrependidos. Como isso era verdade! Isso é que era bondade.

A porta foi subitamente fechada. A penitente saiu. A seguir era ele. Ergueu-se, aterrorizado, e dirigiu-se, às cegas, para o confessionário.

Chegara, finalmente, a sua vez. Ajoelhou-se na silenciosa obscuridade e ergueu os olhos para o crucifixo branco suspenso sobre ele. Deus podia ver que ele estava arrependido. Contaria todos os seus pecados. A sua confissão ia ser longa, muito longa. Toda a gente na capela saberia que ele tinha sido um grande pecador. Deixá-los saber. Era verdade. Mas Deus tinha prometido perdoar-lhe se estivesse arrependido.





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