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Capítulo 4: IV

Página 159
Era, ao que lhe parecia, o máximo que a sua alma conseguia albergar quanto a amor e a ódio.

Mas não podia continuar a descrer da realidade do amor, visto que o próprio Deus amara a sua alma individual, com o Seu divino amor, por toda a eternidade. Gradualmente, à medida que a sua alma se enriquecia com sabedoria espiritual, via o mundo inteiro a constituir uma ampla e simétrica expressão do poder e do amor de Deus. A vida passou a ser uma dádiva divina, e por cada momento e cada sensação, nem que fosse a visão de uma única folha suspensa do ramo de uma árvore, a sua alma deveria louvar o Criador e agradecer-Lhe. O mundo, em toda a sua sólida substância e complexidade, deixou de existir para a sua alma, excepto como um teorema do poder, do amor e da universalidade divinos.

Esta sensação do significado divino em toda a natureza, concedida à sua alma, era tão absoluta e inquestionável que nem conseguia compreender por que motivo seria necessário que continuasse a viver. Todavia, isso fazia parte dos desígnios divinos e ele não ousava questioná-los, ele que, mais do que todos, tinha pecado tão profunda e tão abominavelmente contra a vontade divina. Humilde e abatida por esta consciência da única realidade eterna, omnipresente e perfeita, a sua alma retomou o seu fardo de obras piedosas, missas, orações, sacramentos e mortificações, e só então, pela primeira vez desde que meditara no grande mistério do amor, sentiu dentro de si um movimento cálido, como o de uma vida recém-nascida ou de uma virtude da própria alma. A atitude de êxtase que se encontrava na arte sacra, as mãos erguidas e separadas, os lábios entreabertos e os olhos de quem está prestes a desfalecer, passou a ser, para ele, a imagem da alma em oração, humilde e débil diante do Criador.

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pág. 159 (Capítulo 4)

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 159

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186