Ao passar pela porta, recordou-se com um vago terror da água quente cor de turfa, do ar quente e húmido, do ruído dos mergulhos, do cheiro das toalhas, um cheiro a remédios.
O irmão Michael estava à porta da enfermaria e da porta do gabinete escuro, à sua direita, vinha um cheiro a remédios. Provinha dos frascos que estavam nas prateleiras. O prefeito falou com o irmão Michael e o irmão Michael respondeu, tratando-o por senhor. Tinha cabelos arruivados misturados com cinzentos e um aspecto esquisito. Era esquisito que ele fosse sempre irmão. Era esquisito não se poder tratá-lo por senhor porque ele era um irmão e tinha um aspecto diferente. Não seria suficientemente santo, ou qual seria o motivo por que não chegava ao nível dos outros?
Havia duas camas na enfermaria e uma delas estava ocupada
por um rapaz; e, quando eles entraram, o rapaz gritou:
- Viva! É o pequeno Dedalus! Que é que sucedeu?
- O mesmo que todos os dias - disse o irmão Michael.
Era um rapaz do terceiro ano e, enquanto Stephen se despia, pediu ao irmão Michael que lhe trouxesse torradas com manteiga.
- Faça-me isso! - pediu ele.
- Era o que faltava! - disse o irmão Michael. - Vai ter alta esta manhã, quando o médico chegar.
- Ai vou? - disse o rapaz. - Ainda não me sinto bem.
O irmão Michael repetiu:
- Vai ter alta, estou eu a dizer-lhe.
Inclinou-se para atiçar o fogo. Tinha as costas longas, como as de um cavalo de tracção. Remexeu a lenha com um ar grave e sacudiu a cabeça, olhando para o rapaz do terceiro ano.
Em seguida, o irmão Michael afastou-se e, algum tempo depois, o rapaz do terceiro voltou-se para a parede e adormeceu.
Ali era a enfermaria. Ele estava doente, portanto. Teriam escrito para casa, a avisar os pais? Mas seria mais rápido um dos padres ir lá dizer-lhes.