Wells disse:
- Não fiz de propósito, palavra de honra. Era só uma brincadeira. Desculpa.
O rosto e a voz desapareceram. Pedia desculpa porque sentia medo. Medo de que ele tivesse ficado doente. As pragas são doenças das plantas, a peste é doença dos animais; ou qualquer outra. Isso tinha sido havia muito tempo, no pátio de recreio, à luz do entardecer, arrastando-se entre um ponto e outro, no limite da sua linha, uma ave pesada, a voar baixo, à luz acinzentada. A Abadia de Leicester iluminada. O Wolsey tinha morrido lá. Os próprios abades o tinham enterrado.
Não era o rosto do Wells, era o do prefeito. Ele não estava a fingir. Não, não; estava realmente doente. Não era fingimento. E sentiu a mão do prefeito na sua testa; e sentiu a sua testa quente e húmida sob a mão fria e húmida do prefeito. Era assim que devia ser um rato, viscoso, húmido e frio. Todos os ratos tinham dois olhos para olhar. E peles macias e viscosas, patinhas muito pequenas encolhidas, para saltar, olhos pretos e viscosos para olhar para nós. Os ratos eram capazes de saber como se saltava. Mas as suas mentes não podiam abarcar a trigonometria. Quando morriam, ficavam deitados de lado. As suas peles secavam. Não passavam de coisas mortas.
O prefeito tinha voltado e era a sua voz que dizia que ele tinha de se levantar, que o reitor tinha dito que ele tinha de levantar-se e ir para a enfermaria. E, enquanto se vestia o mais depressa que podia, o prefeito disse:
- Temos de despachar para o irmão Michael quem sente dores de barriga!
Era simpático da sua parte dizer aquilo. Era só para o fazer rir.
Mas ele não conseguiu rir porque lhe tremiam as bochechas e os lábios; e o prefeito teve de rir-se sozinho.
O prefeito gritou:
- Ordinário, marche! Esquerdo! Direito!
Subiram juntos a escada e seguiram pelo corredor, passando pela casa de banho.