O riso, de tom bastante alto e proveniente de um indivíduo tão musculoso, soou como o barrito de um elefante. Todo O corpo do estudante estremecia e, para melhor expressar o seu divertimento, esfregou, encantado, ambas as mãos nas virilhas.
- Lynch está acordado - comentou Cranly.
Lynch, como resposta, endireitou-se e estufou o peito.
- Lynch está a estufar o peito - disse Stephen, como se estivesse a fazer uma crítica da vida.
Lynch bateu ruidosamente no peito e disse:
- Quem tem alguma coisa a dizer do meu perímetro torácico?
Cranly levou-o a sério e começaram ambos a lutar. Quando já tinham os rostos afogueados pela luta, afastaram-se um do outro, arquejantes. Stephen inclinou-se para Davin que, absorvido pelo jogo, não prestava atenção à conversa dos outros.
- E como vai o meu ganso amestrado? Também assinaste?
Davin acenou afirmativamente com a cabeça e disse:
- E tu, Stevie?
Stephen abanou a cabeça.
- És um homem terrível, Stevie - disse Davin, tirando da boca o curto cachimbo -, sempre solitário.
- Agora que já assinaste a petição pela paz universal- disse Stephen -, suponho que vais queimar aquele caderninho que eu vi no teu quarto.
Como Davin não respondesse, Stephen começou a citar:
- Passo largo, feniano! Direita, volver, feniano! Feniano, siga as instruções, continência, um, dois!
- Isso é uma questão diferente - disse Davin. - Sou um nacionalista irlandês, antes de mais e acima de tudo. Mas isso é mesmo teu. Nasceste para zombar dos outros, Stevie.
- Quando fizerem a próxima revolução armados com sticks de hóquei, se lhes faltar o indispensável informador, avisa-me - disse Stephen. - Arranjar-te-ei uns poucos aqui no colégio.
- Não te compreendo - disse Davin.