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Capítulo 5: V

Página 218

- Os meus antepassados renegaram a sua língua e aceitaram outra - disse Stephen. - Permitiram que um punhado de estrangeiros os dominassem. Pensas que vou pagar com a minha própria vida e a minha pessoa as dívidas que eles contraíram? Para quê?

- Pela nossa liberdade - disse Davin.

- Nenhum homem honrado e sincero - disse Stephen - vos sacrificou a sua vida, a sua juventude e os seus afectos, desde os tempos de Tone aos de Parnell, sem que tivesse sido vendido ao inimigo, ou desamparado na necessidade ou caluniado e trocado por outro. E convidas-me a ser um dos vossos? Ainda hei-de ver-vos a todos no Inferno.

- Eles morreram pelos seus ideais, Stevie - disse Davin. Um dia, ainda hás-de vir, podes crer.

Stephen, seguindo os seus próprios pensamentos, ficou silencioso durante um momento.

- A alma nasce - disse num tom vago - naqueles momentos de que te falei. Foi um parto lento e sombrio, mais misterioso que o nascimento do corpo. Quando a alma de um homem nasce neste país, lançam-lhe logo redes, para a impedir de voar. Fala-me de nacionalidade, de língua, de religião. Eu vou tentar voar para fora dessas redes.

Davin bateu com o cachimbo, sacudindo as cinzas.

- Isso é profundo demais para mim, Stevie - disse ele. Mas a pátria vem em primeiro lugar. A Irlanda antes de tudo, Stevie. Depois, poderás ser um poeta ou um místico.

- Sabes o que é a Irlanda? - inquiriu Stephen com fria violência. - A Irlanda é uma porca velha que devora a sua ninhada.

Davin ergueu-se do caixote e dirigiu-se para junto dos jogadores, abanando tristemente a cabeça. Mas a tristeza abandonou-o imediatamente e, segundos depois, discutia acaloradamente com Cranlye os dois jogadores que haviam terminado o jogo. Combinaram uma partida entre os quatro, mas Cranly insistiu em que usassem a sua bola.

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 218

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186