Não te enfadam já essas ardentes vias,
Sedutora dos anjos soçobrados?
Não me recordes mais os dias encantados.
Teus olhos incendeiam meu coração humano,
E tu dele fizeste o que querias.
Não te enfadam já essas ardentes vias?
Da chama se ergue o fumo do incenso
Cobrindo terras e mares inconfinados.
Não me recordes mais os dias encantados.Nossos gritos vencidos e cantos destroçados
Elevam-se em hinos nas eucaristias.
Não te enfadam já essas ardentes vias?
As mãos devotas oferecem sacrifíciosAo céu erguendo cálices transbordados. Não me recordes mais os dias encantados.
E tu manténs ainda nossos olhares cruzados
Langorosa e ardente como naqueles dias!
Não te enfadam já essas ardentes vias?
Não me recordes mais os dias encantados.
Que aves seriam aquelas? Estava de pé, nos degraus da biblioteca, a olhar para elas, apoiando-se, fatigado, na bengala de freixo. As aves voavam em círculos em redor do beiral saliente de uma casa da Rua Molesworth. O ar da tarde dos finais de Março tornava o seu voo nítido, os seus corpos escuros e palpitantes projectavam-se, num nítido contraste, contra o céu, como se este fosse um pano pendurado, de um azul ténue e esfumado.
Observou o seu voo; ave após ave: um brilho sombrio, uma curva, um bater de asas. Tentou contá-las antes que passassem todos os corpos rápidos e palpitantes: seis, dez, onze; e perguntou a si mesmo se o seu número seria par ou ímpar. Doze, treze: duas desciam das alturas em espiral. Umas voavam alto, outras baixo, mas sempre em círculos, em linhas rectas e curvas e sempre da esquerda para a direita, rodando em volta de um templo aéreo.