Não era nem o pensamento nem a visão, embora Stephen tivesse a vaga consciência de que a figura dela atravessava, naquele momento, a cidade, em direcção a casa. Sentiu o perfume do corpo dela, vagamente, primeiro, depois mais nitidamente. Um alvoroço consciente começou a fervilhar no seu sangue. Sim, era o odor do corpo dela que sentia, um odor natural e lânguido, dos seus membros tépidos sobre os quais a sua música fluíra cheia de desejo, da sua roupa interior, macia e secreta sobre a qual a carne dela destilava o seu perfume e o seu orvalho.
Um piolho subia-lhe para a nuca e, introduzindo habilmente o polegar e o indicador por baixo do colarinho largo, conseguiu apanhá-lo. Fez rolar, por um instante, o seu corpo, mole mas quebradiço como um grão de arroz, entre o polegar e o indicador, antes de o atirar fora, perguntando a si mesmo se ele deveria viver ou morrer. Veio-lhe à mente uma curiosa frase de Cornelius à Lapide, que dizia que os piolhos nascidos do suor humano não tinham sido criados por Deus com os outros animais no sexto dia. Mas o prurido da pele do pescoço exasperava-o. A vida do seu corpo, mal vestido, mal alimentado, roído pelos piolhos, fê-lo cerrar as pálpebras num súbito espasmo de desespero e, nas trevas, viu corpos brilhantes e quebradiços de piolhos a cair do céu, rolando à medida que caíam. Sim, não eram as trevas que caíam do ar. Era a claridade.
A claridade cai do ar.
Nem sequer retivera devidamente o verso de Nash.