Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 1: I Pág. 29 / 273

Dedalus, grosseiramente. - E tem uma bonita cara, note-se, quando está calado. Haviam de ver aquele sujeito a devorar o seu toucinho com couves num dia frio de Inverno. Oh, Johnny!

Contorceu as feições numa careta bestial e emitiu um ruído com os lábios, como se estivesse a comer.

- Francamente, Simon, não devias falar assim diante do Stephen. Não é próprio.

- Oh, ele há-de recordar-se de tudo isto quando crescer disse Dante, veementemente -, das coisas que escutou contra Deus, a religião e os padres, na sua própria casa.

- É bom que ele se recorde também - exclamou Mr. Casey, fitando-a, do outro lado da mesa - da linguagem que os padres e os lacaios dos padres usaram para despedaçar o coração de Parnell e o empurrar para o túmulo. Ele que se recorde também disso, quando crescer.

- Filhos da mãe! - exclamou Mr. Dedalus. - Quando o viram caído, atiraram-se a ele, para o trair e para o dilacerar, como ratazanas do esgoto. Cães sarnentos! E é o que parecem! Por Cristo, é o que eles parecem!

- Eles comportaram-se como deviam - exclamou Dante. Obedeceram aos seus bispos e aos seus padres. Honra lhes seja feita!

- É realmente terrível ter de dizer que nem por um só dia do ano - suspirou Mrs. Dedalus - nos conseguimos livrar dessas horríveis discussões!

O tio Charles ergueu brandamente as mãos e disse:

- Então, então, então! Não podemos ter as nossas opiniões, sejam elas quais forem, sem todo este mau humor e esta linguagem desagradável? Isso é realmente muito mau.

Mrs. Dedalus falou com Dante em voz baixa, mas Dante respondeu de forma audível:

- Eu não me calo. Hei-de defender a minha Igreja e a minha religião quando são insultadas e cuspidas por católicos renegados.

Mr. Casey empurrou grosseiramente o prato para o meio da mesa e, pousando o cotovelo sobre ela, perguntou, com voz rouca, ao seu anfitrião:

- Diga-me uma coisa, já lhe contei aquela história de uma famosa cuspidela?

- Não contou, não, John - disse Mr.





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