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Capítulo 1: I

Página 36
Não diremos a ninguém.

Stephen inclinou a cabeça para escutar. Wells olhou em volta, para ver se vinha alguém. Depois disse em segredo:

- Sabem aquele vinho da missa que está guardado no armário da sacristia?

-Sabemos.

- Pois bem, eles beberam-no todo e, pelo cheiro, descobriu-se quem tinha sido. Foi por isso que eles fugiram, se querem saber.

E o rapaz que tinha falado primeiro disse:

- Sim, foi isso que me contou o tal rapaz mais velho.

Os alunos ficaram em silêncio. Stephen ficou entre eles, receando falar, escutando apenas. Um vago, mal-estar de receio fazia que se sentisse fraco. Como podiam eles ter feito aquilo? Pensou na sacristia, escura e silenciosa. Tinha armários de madeira escura, onde se guardavam, placidamente dobradas, as sobrepelizes pregueadas. Não era ainda a capela, mas era preciso falar em voz baixa. Era um local sagrado. Recordou-se da tarde de Verão em que lá tinha estado, vestido de transportador do incensório, no dia da procissão até ao pequeno altar no bosque. Um local estranho e sagrado. O rapaz que transportava o turíbulo balançava-o pela corrente do meio, para que as brasas se conservassem acesas. Eram de carvão; e tinham ardido suavemente, enquanto o rapaz balançava o turíbulo cuidadosamente, libertando um fraco odor ácido. E depois, quando todos estavam já paramentados, ele tinha-se dirigido ao reitor com o incensório e o reitor tinha colocado uma colher de incenso dentro dele e o incenso chiara sobre as brasas bem vivas.

Os rapazes conversavam em pequenos grupos, aqui e além, no pátio do recreio. Os rapazes pareciam-lhe mais pequenos: isso devia-se ao facto de um ciclista o ter derrubado, na véspera; era um rapaz do segundo. Tinha sido projectado pela bicicleta do rapaz para a pista de escória de hulha, e os seus óculos tinham-se partido em três pedaços e parte da escória entrara-lhe na boca.

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 36

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186