Por isso, os rapazes lhe pareciam mais pequenos e mais distantes e os postes da baliza lhe pareciam tão finos e distantes e o céu de um cinzento suave tão alto. Mas ninguém jogava no campo de râguebi, porque iam começar as partidas de críquete: e alguns diziam que o Barnes ia ser o monitor e outros que seria o Flowers. E por todo o pátio se treinavam os movimentos do jogo. Ouviam-se, de todos os lados, os sons dos tacos de críquete que atravessavam o ar cinzento suave. Faziam pingue, pingue, pingue: gotas de água de uma fonte, caindo lentamente na bacia a transbordar.
Athy, que tinha estado calado, disse em voz baixa:
- Estão todos enganados.
Todos se voltaram ansiosamente para ele. - Porquê?
- Tu sabes?
- Quem te disse?
- Conta lá, Athy.
Athy apontou para o local do pátio onde Simon Moonan andava a passear sozinho, dando pontapés a uma pedra.
- Perguntem-lhe a ele - disse.
Os rapazes olharam para o outro e disseram:
- A ele, porquê?
- Ele está metido no caso?
Athy baixou a voz e disse:
- Sabes porque é que eles fugiram? Vou contar-lhes, mas têm de fingir que não sabem.
- Diz lá, Athy. Anda lá. Se é que sabes alguma coisa. Ele fez uma pausa e depois disse, misteriosamente:
- Foram apanhados com o Simon Moonan e o Boyle Colmilhos, uma noite na retrete.
Os rapazes olharam para ele e perguntaram:
- Apanhados?
- A fazer o quê?
Athy disse:
- A «brincar».
Os rapazes ficaram todos em silêncio. Athy disse:
- E foi por isso.
Stephen olhou para as caras dos outros, mas todos olhavam para o outro lado do pátio. Queria perguntar a alguém o que era aquilo. Que quereria dizer aquilo de os rapazes estarem a brincar na retrete? Por que teriam de fugir os cinco rapazes mais velhos por causa disso? Devia ser uma graçola, pensou.