E, quando os rapazes paravam de falar na sala de recreio, conseguia ouvi-la.
Era a hora da aritmética. O padre Arnall escreveu uma conta difícil no quadro e depois disse:
- Vamos a ver quem vai ganhar. Coragem, York! Coragem, Lancaster!
Stephen esforçou-se o mais que podia, mas a conta era difícil e sentiu-se confuso. A pequena insígnia de seda com a rosa branca que tinha pregada na lapela do casaco estremecia. Não era muito forte em contas, mas esforçou-se ao máximo, para que York não perdesse. O rosto do padre Arnall parecia carregado, mas não estava zangado: estava a rir-se. Então, o Jack Lawton fez estalar os dedos e o padre Arnall deitou uma olhadela à sua sebenta e disse:
- Está certa. Bravo, Lancaster! Ganha a rosa vermelha. Em frente, York! Vamos apanhá-la!
Jack Lawton lançou uma olhadela em volta. A pequena insígnia de seda com a rosa vermelha dava mais nas vistas porque ele tinha uma blusa azul de marinheiro. Stephen sentiu que o seu rosto também ficava vermelho, ao pensar nas apostas que se fariam sobre quem seria o primeiro nos rudimentos, Jack Lawton ou ele. Havia semanas em que Jack Lawton era o primeiro e outras em que era ele. A sua insígnia de seda branca não parava de estremecer, enquanto ele se dedicava à conta seguinte, escutando a voz do padre Arnall. Depois, toda a sua ansiedade se esgotou e sentiu o rosto arrefecer. Pensou que devia estar lívido, porque sentia frio. Rosas brancas e rosas vermelhas; dava prazer pensar nas suas cores. E os cartões que eram entregues ao primeiro, ao segundo e ao terceiro da classe também tinham belas cores: cor-de-rosa, bege e cor de alfazema. Também era bom pensar em rosas cor de alfazema, beges e cor-de-rosa. Talvez uma rosa brava pudesse ter essas cores e recordou-se da canção que falava da roseira brava que florescia na pracinha verde.