Heron deu o sinal e todos três soltaram uma gargalhada de troça.
- De que estão a rir? - perguntou Stephen.
- De ti - disse Heron. - Byron, o maior poeta! É apenas um poeta para as pessoas pouco cultas.
- Deve ser um grande poeta! - disse Boland.
- Farias melhor se calasses essa boca - disse Stephen, voltando-se vivamente para ele. - Tudo o que sabes de poesia é aquilo que escreveste nas lajes do pátio, quando estiveste quase a ir de castigo para o sótão.
Dizia-se, de facto, que Boland tinha escrito nas lajes do pátio um dístico acerca de um colega seu que costumava ir para casa de pónei:
Quando Tyson seguia a caminho de Jerusalém,
Caiu, e deu cabo do seu etecetra e tal.
Este bote reduziu os dois lugares-tenentes ao silêncio, mas Heron prosseguiu:
- De qualquer forma, Byron foi um herege e um imoral.
- Não me interessa o que ele foi - exclamou Stephen, com veemência.
- Não te interessa se ele foi herege ou não? -- disse Nash.
- Que sabes tu disso? - gritou Stephen. - Nunca leste uma linha seja do que for na tua vida, excepto em resumos, e o Boland idem.
- Eu sei que Byron foi um homem mau - declarou Boland.
- Venham, toca a agarrar este herege - gritou Heron.
Stephen viu-se prisioneiro, em poucos segundos.
- O Tate obrigou-te a recuar, no outro dia - prosseguiu Heron -, em relação à heresia do teu ensaio.
- Amanhã conto-lhe - disse Boland.
- Ai contas? - disse Stephen. - Vais ter medo de abrir a boca.
- Medo?
- Sim. Um medo dos diabos.
- Tem cuidado! - gritou Heron, golpeando as pernas de Stephen com a bengala.
Foi o sinal para todos começarem. Nash prendeu-lhe os braços por detrás, enquanto Boland empunhava um grande pé de couve que encontrara caído na valeta.