A última parte da tirada foi mal ouvida por Darcy, mas a alusão de Sir William a seu amigo Bingley pareceu impressioná-lo. Seus olhos se voltaram para Bingley e Jane, que dançavam juntos. Mas, recompondo-se rapidamente, voltou se para Elizabeth e disse:
- A interrupção de Sir William me fez esquecer o assunto sobre o qual falávamos.
- Acho que não estávamos falando. Sir William não poderia ter interrompido duas pessoas que tivessem menos o que dizer, nesta sala. Já tentamos dois ou três assuntos sem êxito; não sei sobre o que podemos falar agora.
- Que pensa dos livros? - disse ele, sorrindo.
- Livros? Estou certa de que não lemos os mesmos livros. E nunca os encaramos com os mesmos sentimentos.
- Sinto que diga isto, mas se este é o caso pelo menos não haverá falta de assunto. Podemos comparar as nossas opiniões.
- Não, não quero falar em livros num salão de baile. Minha cabeça está cheia de outras coisas.
- Sempre a preocupa o que está acontecendo em torno de si, não é? - disse ele, com uma expressão de dúvida.
- Sim, sempre - replicou ela, sem saber o que dizia, pois o seu pensamento tinha voado para longe.
E, pouco depois, exclamou subitamente:
- Lembro-me de que já ouvi o senhor dizer, Mr. Darcy, que dificilmente perdoava. E que o seu ressentimento, uma vez despertado, jamais se aplacaria. Portanto, deve tomar precauções para que ele não seja despertado.
- É verdade - disse ele com voz firme.
- E nunca se deixa influenciar por juízos antecipados?
- Espero que não.
- É particularmente importante para aqueles que nunca mudam de opinião ter a certeza de julgar com justiça desde o início.
- Posso indagar qual é a finalidade dessas perguntas?
- Apenas informar-me sobre o seu carácter - disse ela, procurando dissipar o seu ar de gravidade.