Orgulho e Preconceito - Cap. 18: Capitulo XVIII Pág. 106 / 414

Permita-me pois seguir os ditames da minha consciência e realizar o que considero um dever. Perdoe-me menosprezar os seus conselhos, que em todas as demais circunstâncias eu consideraria como um precioso guia. Mas no caso presente eu me acho mais capaz, pela educação e pelo estudo, de julgar o que é direito e o que é errado, do que uma jovem como a senhora.

E, fazendo uma profunda reverência, deixou-a para ir abordar Mr. Darcy. Elizabeth observou com atenção a acolhida que este prodigalizava a Mr. Collins. A surpresa de ver-se assim interpelado era visível em Mr. Darcy.

O primo iniciou a sua tirada com uma solene reverência. Embora ela não pudesse ouvir nenhuma palavra, sentiu o que se passava como se estivesse escutando. E distinguiu, pelo movimento dos lábios, as palavras ''desculpas", "Hunsford" e"Lady Catherine de Bourgh". Sentiu-se desapontada de ver o primo ridicularizar-se assim diante daquele homem. Mr. Darcy o observava com um espanto pouco contido, e quando, afinal, Mr. Collins lhe concedeu uma ocasião de falar, respondeu com ar distante de amabilidade. Mr. Collins entretanto não desanimou e voltou à carga, enquanto o desprezo de Mr. Darcy parecia crescer rapidamente com a extensão da segunda tirada.

No fim fez apenas um ligeiro cumprimento e se afastou. Mr. Collins voltou então para perto de Elizabeth.

- Asseguro-lhe que não tenho nenhum motivo para ficar descontente com a acolhida que recebi. Mr. Darcy pareceu ficar muito satisfeito com a atenção. Respondeu-me com a maior amabilidade e me fez até a honra de observar que estava tão convencido do discernimento de Lady Catherine que tinha a certeza de que ela nunca concederia os seus favores a quem não os merecesse. Foi realmente um belo pensamento.





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