- Faça isto por mim, minha cara Miss Lucas - acrescentou ela, num tom melancólico -, pois ninguém está do meu lado, todos estão contra mim. Ninguém tem pena dos meus pobres nervos.
Charlotte não pôde responder, pois Jane e Elizabeth entraram na sala.
- Aí vem ela - continuou Mrs. Bennet. - Tão despreocupada como se estivéssemos em York! Tudo lhe é indiferente, contanto que ela faça a sua vontade. Mas eu vou lhe dizer uma coisa, Miss Lizzy: se você continuar a recusar todas as propostas de casamento deste modo, nunca encontrará um marido. E eu não sei quem vai sustentá-la depois que o seu pai morrer. Eu não posso, estou lhe avisando. Não tenho mais nada a ver com você a partir de hoje. Já disse na biblioteca que nunca mais lhe falaria. Pode ficar certa de que cumprirei a minha palavra. Não tenho nenhum prazer em falar com filhos rebeldes. Aliás, não tenho prazer em falar com
ninguém. Pessoas que sofrem dos nervos como eu não têm grande inclinação a falar. Ninguém pode saber o que eu sofro! Mas é sempre assim, quem não se queixa não encontra compaixão.
Suas filhas ouviram em silêncio, compreendendo que qualquer tentativa para trazê-la à razão só serviria para irritá-la ainda mais. Mrs. Bennet continuou pois a falar sem interrupção, até a chegada de Mr. Collins, que entrou na sala com ar mais grave do que de costume.
Ao vê-lo, Mrs. Bennet se virou para as meninas:
- Agora insisto que todos calem a boca. Deixem Mr. Collins conversar um pouco comigo.
Elizabeth saiu silenciosamente da sala.