Tentou persuadir a si mesma de que não o lamentava. Mas não podia continuar cega às intenções de Miss Bingley. E depois de esperar em casa todas as manhãs durante quinze dias, recebendo todas as noites novas desculpas, finalmente a visitante apareceu. Mas a brevidade da visita e sobretudo a mudança das suas maneiras não deixaram a Jane nenhuma ilusão. A carta que escreveu à irmã naquela ocasião mostrava bem o que sentia:
"Minha cara Lizzy:
Estou certa de que você é incapaz de regozijar-se à minha custa se eu lhe confessar que me enganei inteiramente quanto à afeição de Miss Bingley por mim. Mas, minha cara irmã, embora o que se passou tenha provado que você tinha razão, não me acuse de obstinação se eu continuo a sustentar que, considerando a conduta antiga de Caroline, a minha confiança era tão natural quanto as suas suspeitas. Não compreendo absolutamente as razões que ela tinha para desejar ter relações íntimas comigo, mas, se essas mesmas circunstâncias se repetissem, estou certa de que eu tornaria a ser iludida. Caroline não retribuiu a visita senão ontem; não recebi no intervalo nem uma nota, nem um bilhete, nem uma linha. E quando ela veio tornou-se evi-dente que não tinha nenhum prazer em me ver. Deu ligeiras desculpas, inteiramente formais, e não disse uma só vez que desejava tornar a ver-me; achei-a sob todos os aspectos tão indiferente que, quando partiu, eu estava perfeitamente resolvida a cortar relações. Tenho pena dela mas não posso deixar de culpá-la. Fez muito distinguindo-me a princípio, como aconteceu. Posso dizer com certeza que ela tomou todas as iniciativas, mas tenho pena dela porque deve sentir que procedeu erradamente e porque tenho plena certeza de que a causa de tudo isto foi a preocupação que tem com o irmão.