- Eu jamais teria dito que Mrs. Collins está instalada perto da família.
- É uma prova da sua afeição pelo Hertfordshire. Qualquer lugar que não se encontre nas proximidades de Longbourn deve parecer-lhe longínquo.
Enquanto falava, havia nele uma espécie de sorriso que Elizabeth julgou compreender. Ele devia supor que ela estava pensando em Jane e enrubesceu, ao responder.
- Não quero dizer com isto que uma mulher não deva morar um pouco longe da família. O longe e o perto são relativos e dependem de várias circunstâncias. Quando existe fortuna e as despesas de viagem são pouco importantes, as distâncias não têm inconveniência. Mas este não é o caso aqui. Mr. e Mrs. Collins têm um rendimento que lhes permite uma vida confortável, porém não é suficiente para viagens frequentes. Estou persuadida de que minha amiga só se consideraria perto da família se morasse na metade da atual distância.
Mr. Darcy aproximou um pouco a sua cadeira e disse:
- Mas a senhora não tem direito de ser tão bairrista. A senhora não pode ter morado sempre em Longbourn.
Elizabeth olhou para ele, surpresa.
Mr. Darcy pareceu mudar de ideia. Recuou a cadeira, tomou um jornal em cima da mesa e percorrendo-o disse, num tom mais frio:
- Agrada-lhe o Kent?
Seguiu-se um curto diálogo sobre o condado, calmo e conciso de ambas as partes, que a chegada de Charlotte e da irmã, um pouco depois, veio interromper. O tête-à-tête pareceu surpreendê-las. Mr. Darcy relatou o engano que ocasionara a sua intrusão, e depois de ficar sentado mais alguns minutos sem dizer quase nada foi-se embora.
- Qual pode ser a significação dessa visita? - disse Charlotte, depois que ele partiu. - Minha cara Eliza, ele deve estar apaixonado por você. Sem o que nunca nos teria visitado dessa forma pouco cerimoniosa.