Orgulho e Preconceito - Cap. 44: Capítulo XLIV Pág. 282 / 414

Elizabeth não tinha razão de temer a curiosidade de Mr. e de Mrs. Gardiner. Eles não desejavam forçar-lhe as confidências. Compreendiam que Elizabeth conhecia Mr. Darcy muito mais intimamente do que tinham suposto. Era evidente que ele estava muito apaixonado por ela. Viam naquilo um motivo de interesse, porém nada que justificasse indagações.

Quanto a Mr. Darcy, ansiavam por imaginar as melhores coisas a seu respeito. Até onde se estendiam as suas relações, não encontravam nele nenhum defeito. Não podiam deixar de se sentir tocados pela sua polidez. Se tivessem imaginado o carácter de Darcy pelas suas próprias impressões e pelas informações da criada, a sociedade do Hertfordshire, onde ele tinha residido, não o teria reconhecido. Havia agora, entretanto, interesse em acreditar nas palavras de Mrs. Reynolds. E em pouco chegaram à conclusão de que a opinião de uma criada que o conhecera desde os quatro anos de idade, e cujas maneiras eram as de uma pessoa respeitável, não poderia ser rejeitada sumariamente. Os seus amigos de Lambton, por outro lado, não sabiam de nenhum fato que pudesse diminuir o valor daquele testemunho.

De nada o acusavam senão de orgulho. E orgulho ele tinha certamente. E, mesmo se não o tivesse, esse defeito lhe seria imputado pelos habitantes de uma pequena cidade provinciana, onde a família não possuía relações. Todos reconheciam no entanto que era um homem generoso, e fazia bem aos pobres.

Quanto a Wickham, os visitantes logo descobriram que não era muito estimado no lugar, pois, embora nada de preciso se soubesse sobre as suas relações com o filho do seu protetor, era sabido que ao sair do Derbyshire deixara muitas dívidas e que Mr. Darcy mais tarde as tinha saldado.

Elizabeth pensou mais em Pemberley naquela noite do que na precedente.





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