Orgulho e Preconceito - Cap. 46: Capítulo XLVI Pág. 295 / 414

Mas, voltando a si, acrescentou:

- Não a deterei um só minuto. Mas deixe-me ir chamar Mr. e Mrs. Gardiner ou mandar o criado. No estado em que se encontra, não pode ir pessoalmente.

Elizabeth hesitou, mas os joelhos tremiam tanto que ela compreendeu que não poderia ir muito longe. Chamando o criado, encarregou-o de ir imediatamente chamar o patrão e a patroa, e dizer-lhes que voltassem para casa.

Depois que o criado saiu, Elizabeth sentou, incapaz de se suster nas pernas. O seu estado era tão lamentável que Darcy compreendeu que era impossível deixá-la. E não pôde evitar de dizer, num tom de doçura e piedade:

- Deixe-me chamar a sua criada. Quer tomar alguma coisa? Posso lhe oferecer um copo de vinho? Parece que está se sentindo mal.

- Não, obrigada - replicou ela, procurando dominar-se.

- Não tenho nada. Estou me sentindo bem. Só estou muito aflita por causa de notícias más que acabo de receber de Longbourn.

Ao aludir àquele fato, começou a chorar e durante alguns minutos não pôde falar. Mr. Darcy, penalizado e aflito, pôde apenas exprimir vagamente a sua preocupação e observá-la num silêncio piedoso. Afinal ela tornou a falar.

- Acabo de receber uma carta de Jane, com terríveis notícias. Não é possível escondê-las de ninguém. Minha irmã mais moça abandonou todos os seus amigos, fugiu, entregou-se a... Mr. Wickham. Partiram juntos de Brighton. Conhece-o bem demais para ter dúvidas quanto ao resto da história. Ela não tem dinheiro, relações, nada que o possa tentar. Está perdida para sempre!

Darcy ficou imobilizado de espanto.

- E quando penso - acrescentou ela, num tom mais agitado - que eu poderia ter evitado isto, eu, que sabia quem ele era, se tivesse apenas revelado à minha própria família uma parte do que vim a saber, se o carácter dele fosse conhecido, nada disto teria acontecido.





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