Orgulho e Preconceito - Cap. 46: Capítulo XLVI Pág. 297 / 414

Depois de uma pausa de vários minutos, a voz do companheiro fê-la voltar à realidade. E no tom daquela voz, embora transparecesse piedade, havia também contenção.

- Creio que há muito está desejando a minha ausência - disse Darcy. - E, a não ser a minha simpatia sincera, porém inútil, nada posso lhe oferecer que justifique a minha presença.

Oxalá pudesse dizer ou fazer alguma coisa que a consolasse. Mas não a atormentarei mais, exprimindo os meus vãos desejos, como se solicitasse propositadamente a sua gratidão. Creio que este infeliz acontecimento impedirá minha irmã de vê-la hoje à noite em Pemberley.

- Oh, sim, tenha a bondade de apresentar as nossas desculpas a Miss Darcy. Diga que negócios urgentes nos obrigam a voltar imediatamente. Esconda a infeliz verdade o máximo de tempo que puder. Sei que não pode ser por muito tempo.

Ele lhe assegurou prontamente que poderia contar com a sua discrição. Tornou a exprimir os seus sentimentos pela aflição de Elizabeth.

Desejou que o caso tivesse uma conclusão mais favorável do que no momento era possível esperar. Deixando os seus cumprimentos para Mr. e Mrs. Gardiner, com apenas um grave olhar de despedida foi-se embora.

Depois que ele saiu da sala, Elizabeth sentiu que era muito pouco provável que jamais tornassem a se encontrar em termos tão cordiais, como os que tinham marcado os seus vários encontros no Derbyshire. E, ao lançar um olhar retrospectivo sobre a história das suas relações com Darcy, história tão cheia de contradições e surpresas, não pôde deixar de suspirar, ao refletir sobre a inconstância dos próprios sentimentos e a perversidade das circunstâncias que a levaram agora a desejar prolongar aquelas mesmas relações, quando anteriormente se teria rejubilado com a sua cessação.





Os capítulos deste livro