E conversou com ela neste tom até a hora do jantar. Em seguida deixaram-na aos cuidados da criada, que tratava dela na ausência das filhas.
Embora Mr. e Mrs. Gardiner estivessem persuadidos de que não havia motivo para tal reclusão, acharam melhor não se opor, pois sabiam que ela não tinha prudência suficiente para calar a boca diante dos criados. Era preferível que apenas uma das criadas, aquela em quem mais confiavam, ficasse sabendo de todas as suas mágoas e temores.
Na sala de jantar, Mary e Kitty, que tinham estado ocupadas nos seus respectivos quartos e não tinham aparecido mais cedo, se reuniram afinal aos outros. Uma vinha dos seus livros e a outra da sua toalete. O rosto de ambas, no entanto, estava bastante calmo. Apenas Kitty se mostrava mais irritada do que de costume, mas não se sabia se era por causa da perda da irmã ou da raiva que sentia por estar envolvida no acontecimento. Quanto a Mary, seu domínio sobre si mesma era perfeito. E com o rosto muito grave sussurrou para Elizabeth, pouco depois de se sentar à mesa:
- Isto é um acontecimento bem desagradável. E provavelmente será muito comentado. Mas nós devemos nos opor à maré de maledicência, e derramar sobre os nossos corações feridos o bálsamo dos consolos fraternais.
Em seguida, vendo que Elizabeth não estava disposta a responder, acrescentou:
- Por infeliz que tenha sido Lydia, podemos tirar disto uma lição útil. Que a perda da virtude numa mulher é irremissível. Que um só passo falso acarreta uma série de desgraças sem fim e que a reputação não é menos frágil do que a beleza. Que uma mulher nunca pode ser cautelosa demais para com as pessoas do outro sexo, especialmente as que não merecem a sua confiança.
Elizabeth levantou os olhos atônitos.