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Capítulo 4: Capítulo II

Página 158
Em breve adormecia e, enquanto isso, o pajem, pensando que eu não estava em perigo, e tanto quanto eu posso deduzir, foi em busca de ovos de pássaros, já que antes o vira pelas frestas da janela recolher dois. Fosse como fosse, fui despertado por um violento puxão da argola que se encontrava na parte superior da caixa para facilitar o transporte. Tive a sensação de que esta era içada pelos ares a grande altura e que se deslocava a uma velocidade prodigiosa. A primeira sacudidela quase me lançou para fora da rede, mas depois o movimento tornou-se bastante suave. Pedi auxílio várias vezes com toda a força dos pulmões, mas não me serviu de nada. Olhei pela janela e vi apenas nuvens e céu. Ouvia sobre mim um ruído semelhante ao bater de asas e comecei então a dar-me conta da perigosa situação em que me encontrava; uma águia agarrara a caixa pela argola com o bico e preparava-se para a deixar cair sobre um rochedo, como se o fizesse com uma tartaruga, para lhe quebrar a concha, retirar o corpo e devorá-lo. Conhece-se a sagacidade e olfacto desta ave que lhe permite descobrir a presa a grande distância, mesmo se esta estivesse melhor escondida do que eu, que me encontrava sob tábuas de duas polegadas.

Pouco tempo depois percebi que o ruído e o bater de asas aumentavam rapidamente e a caixa abanava de um lado para o outro como um letreiro ao vento. Ouvia uma série de ruídos e golpes que pensei serem dados pela águia (pois estou certo de que era ela quem sustinha a argola no bico) e, de súbito, senti-me a cair na vertical pelo espaço de um minuto, e a uma velocidade tão incrível, que quase perdi o alento. A queda terminou num mergulho terrível, que ressoou aos meus ouvidos com mais força que as cataratas do Niágara; fiquei então outro minuto em plena escuridão e, depois, a caixa começou a emergir tão rapidamente que me permitiu ver a luz pela parte superior das minhas janelas.

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pág. 158 (Capítulo 4)

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Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 158

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249