Dormi algumas horas, ainda que assediado por pesadelos referentes ao lugar que abandonara e aos perigos de que escapara. Ao despertar, porém, senti-me muito restabelecido. Eram cerca das oito da noite e o comandante, pensando que há muito não comia, mandou vir o jantar. Tratou-me com grande amabilidade e verificou que não tinha aspecto de foragido nem falava incoerentemente; quando ficámos sós, pediu-me que fizesse um relato das minhas viagens e do motivo pelo qual me vira a flutuar à deriva naquele enorme cofre de madeira. Quanto a isto disse-me que cerca do meio-dia estava a olhar com o óculo e viu a alguma distância o que pensou ser um barco; por não se encontrar muito afastado da rota, quis aproximar-se na esperança de abastecer-se de biscoitos, que começavam a escassear. Quando se aproximou, verificou que estava errado e, então, mandou uma embarcação para saber o que era. Os homens regressaram assustados, jurando que tinham visto uma casa flutuante. Riu-se da ingenuidade deles e ele próprio meteu-se na chalupa para verificar, ordenando que a tripulação trouxesse um cabo forte. O mar estava calmo e deu várias voltas em redor da caixa, observando as janelas com as grades de arame de protecção. Descobriu duas argolas num costado de madeira de alto a baixo, sem qualquer orifício para entrada de luz. Ordenou então aos homens que remassem para aquele lado, atando o cabo a uma das argolas e mandando que rebocassem o cofre era assim que lhe chamava em direcção ao barco. Uma vez ali, ordenou que passassem outro cabo pela argola da tampa e que, com a ajuda de roldanas, içassem o cofre mas, apesar do esforço de toda a tripulação, não conseguiram elevá-lo mais de dois ou três pés.