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Capítulo 4: Capítulo II

Página 168
O comandante compreendeu perfeitamente a razão do meu riso e acrescentei alegremente que, tal como no provérbio inglês, tinha os olhos maiores que a barriga pois, apesar de ter passado um dia sem comer, não sentia grande fome, ao que ele respondeu em tom jovial que teria dado com prazer cem libras para ver a minha caixa no bico da águia e a sua queda de uma altura tão grande, o que, sem dúvida, teria sido um espectáculo surpreendente, digno de ser transmitido para a posteridade. E a comparação com Faetonte era tão óbvia que não pude deixar de referi-la, embora não admirasse muito a sua perspicácia.

O comandante, cujo barco provinha de Tonquim, foi forçado a desviar-se no regresso a Inglaterra, para os 44 graus de latitude e 143 graus de longitude. Mas, dois dias depois de me encontrar a bordo, soprou vento favorável e navegámos para sul durante muito tempo; navegando ao longo da costa da Nova Holanda, mantivemos o rumo oeste-sudoeste e, depois, de sul-sueste, até que dobrámos o Cabo da Boa Esperança. A nossa travessia foi muito feliz, mas não importunarei o leitor com o seu relato. O navio fez escala em um ou dois portos e o comandante enviou um escaler em busca de provisões e água potável, mas não desembarquei até que chegámos às Downs em 3 de Junho de 1706, nove meses depois da minha libertação. Quis oferecer os meus bens como garantia do pagamento da viagem, mas o comandante não aceitou nem um cêntimo. Despedimo-nos como bons amigos e forcei-o a prometer-me que iria visitar a minha casa de Redcriff; com cinco xelins que pedi emprestados ao comandante aluguei um cavalo e um guia.

À medida que pelo caminho ia vendo a pequenez das coisas, as árvores, o gado e as pessoas, comecei a pensar em Lilliput.

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pág. 168 (Capítulo 4)

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Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 168

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249