Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: Capítulo III

Página 213

Além disso, como está muito espalhada a queixa quanto à fraca e acanhada memória dos validos dos príncipes, o mesmo doutor propunha que qualquer visitante de um primeiro-ministro, uma vez exposto o seu assunto com a máxima brevidade e o léxico mais simples, ao despedir-se do referido ministro devia torcer-lhe o nariz, dar-lhe um pontapé na barriga, pisar-lhe os calos do pé ou aprontar-lhe três puxões de orelhas, espetar-lhe uma agulha nas nádegas ou fazer-lhe uma nódoa negra com um beliscão no braço, de forma a que o ministro se lembrasse dele. Esta acção deveria ser repetida nas audiências seguintes até que o assunto tomasse solução definitiva, para um lado ou outro.

Defendia também que todos os senadores da assembleia nacional, uma vez emitida e defendida a respectiva opinião, deveriam votar abertamente contra; se assim fosse feito, tal medida surtiria efeitos muito benéficos para o bem público.

Se os partidos se tornassem violentos, eis um excelente método de reconciliação. Reúnem-se cem cabecilhas de cada partido. Cada um deles é junto a um adversário com um tamanho de cabeça parecido; em seguida, dois peritos cirurgiões realizam uma bissecção simultânea de cada occipício do par em causa, de forma a que o cérebro fique igualmente dividido em dois. Efectua-se uma troca de cada uma das metades, ficando cada um deles com parte da cabeça do adversário. É claro que esta operação requer muita precisão, mas o professor assegurou-nos que o tratamento era infalível se executado com perícia. Argumentava da seguinte maneira: que todas as metades de cérebros discutiriam o assunto entre si dentro do mesmo crânio, o que levaria rapidamente a uma mútua compreensão e à consequente moderação, a um ajustamento do pensamento desejável na cabeça daqueles que se julgam nascidos para estar atentos e para conduzir os movimentos dó mundo.

<< Página Anterior

pág. 213 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 213

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249