Todos apresentavam um aspecto abatido e o vestuário em farrapos. A maior parte deles confessou-me que tinha morrido na miséria e em desgraça, e os restantes na forca ou no patíbulo.
O caso de uma destas personagens pareceu-me mais singular que os demais. Tinha a seu lado um jovem de dezoito anos. Disse-me que fora, durante muitos anos, comandante de uma embarcação e que na batalha naval de Actium teve a sorte de romper a linha principal de batalha do inimigo, de afundar três dos barcos mais importantes e de capturar um quarto, o que motivou a fuga de António e a subsequente vitória; o jovem que o acompanhava era o filho único que morrera em combate. Acrescentou que uma vez terminada a guerra e julgando ter conquistado méritos suficientes para uma promoção, foi a Roma e, na corte de Augusto, solicitou o comando de um barco maior, cujo comandante morrera. Mas à sua petição não foi dada qualquer importância, e o comando foi concedido a um jovem que jamais vira o mar, o filho de uma tal Libertina, criada de uma das favoritas do imperador. Quando regressou ao seu barco, foi acusado de negligência em serviço, e o respectivo comando foi entregue ao mancebo favorito de Publícola, o vice-almirante. O homem, entretanto, retirou-se para uma casa de campo pobre, muito afastada de Roma, e ali acabou os seus dias.
Tinha tanto interesse em conhecer a verdade desta história que pedi para ver Agripa, o almirante vencedor de Actium. Apareceu e confirmou-me todo o relato, sublinhando ainda outros méritos do comandante que este, por modéstia, me ocultara ou não valorizara.
Fiquei surpreendido com o vigor e rapidez com que alastrou a corrupção naquele império, motivada pelo gosto do luxo.