Capítulo 5: Capítulo III
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Desembarcámos em Xamoschi, pequena cidade marítima a sueste do Japão. A cidade alonga-se a oeste de um estreito que domina a entrada sul de um braço de mar em cujo extremo, na costa noroeste, se encontra a capital do império, Yedo. Ao desembarcar, mostrei aos funcionários aduaneiros a carta de apresentação escrita pelo rei de Luggnagg a Sua Majestade Imperial. Identificaram facilmente o selo: era largo como a palma da mão e representava um rei a ajudar um mendigo a levantar-se. Os magistrados da cidade, ao inteirar-se da minha carta, receberam-me como um embaixador oficial, atribuíram-me servidores e um meio de transporte até Yedo, onde me foi concedida audiência e onde entreguei a carta, que foi aberta com grande cerimonial, sendo o seu conteúdo explicado ao imperador por um intérprete. Este, por indicação de Sua Majestade, comunicou-me que fizesse os pedidos que quisesse, que me seriam concedidos por amizade ao seu primo, o rei de Luggnagg. Este indivíduo, que também trabalhava como intérprete nas transacções comerciais com os holandeses, adivinhou rapidamente pelas minhas feições que era europeu e, por conseguinte, repetiu as ordens de Sua Majestade em baixo flamengo, que falava na perfeição. Respondi-lhe (tal como decidira) que era um comerciante holandês, que naufragara num país longínquo, de onde chegara por terra e por mar a Luggnagg, e daqui partira para o Japão. Sabia que os meus compatriotas comerciavam amiúde com este país; esperava aproveitar uma destas viagens para regressar à Europa. Desta forma, suplicava muito humildemente a Sua Majestade que desse as necessárias ordens para me conduzirem sob escolta a Nagasaki.
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