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Capítulo 6: Capítulo IV

Página 290
Por conseguinte, manter-se-iam sempre na condição servil, sem aspirar a casar-se fora do seu próprio meio, o que nesta nação seria considerado monstruoso e antinatural.

Dei a Sua Excelência os meus mais efusivos agradecimentos pela boa opinião que de mim formara. Acrescentei, ao mesmo tempo, que o meu berço era bastante humilde. Os meus pais, gente simples e honrada, apenas puderam proporcionar-me uma educação esmerada. Que, entre nós, a nobreza era algo completamente diverso da ideia que ele formara. Que os nossos jovens nobres eram educados, desde o nascimento, na ociosidade e no luxo. Que tanto quanto a idade lhes permitia, consumiam o vigor e contraíam odiosas enfermidades com mulheres levianas. E, quando estavam quase arruinados, casavam-se com alguma mulher de baixa condição, pessoa desagradável e de constituição débil; odiavam-na e desprezavam-na porque apenas queria o seu dinheiro. Tais matrimónios frutificam em filhos geralmente escrofulosos, raquíticos ou disformes, pelo que esta família se extinguirá normalmente ao fim de três gerações, a não ser que a mulher escolha entre os servos ou vizinhos um pobre saudável para melhorar e perpetuar a espécie. Os verdadeiros sinais de nobreza de sangue consistiam em ter um corpo adoentado e enfermiço, um aspecto esquelético e tez pálida. Um ar saudável e vigoroso provoca tão mau efeito num nobre que todos deduzem que o seu verdadeiro pai era um lacaio ou um cocheiro. As imperfeições da mente comparam-se com as corporais: tudo nele é tristeza, lentidão, ignorância, capricho, sensualidade e orgulho.

Sem o consentimento deste corpo ilustre não se pode promulgar, anular ou modificar lei alguma. E as suas decisões sobre as nossas propriedades são inapeláveis.

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Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 290

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249