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Capítulo 6: Capítulo IV

Página 336
E isto apesar de os nomes destas virtudes ainda perdurarem na maioria dos nossos idiomas e se encontrarem em autores antigos e modernos (a minha escassa e pessoal experiência como leitor assim o testemunha).

Outro motivo, porém, me fazia sentir pouco inclinado a favorecer, com as minhas descobertas, os domínios da coroa. A falar verdade, tinha alguns escrúpulos quanto ao modo como os príncipes praticam a justiça distributiva nestas circunstâncias. Por exemplo, um barco pirata é arrastado por uma tempestade para um rumo desconhecido. Por fim um grumete, do alto do mastro, descobre terra ao longe. Desembarcam para roubar e espoliar; encontram gente inofensiva, são acolhidos com amabilidade, dão ao país um nome novo, tomam posse formal, em nome do seu monarca, daquelas terras e erguem, como padrão, um pedaço de madeira apodrecida ou de pedra; assassinam duas ou três dezenas de nativos, levam à força para bordo uns quantos como prova, regressam à pátria e obtêm o perdão. Começa então uma nova anexação, legítima por direito divino. Logo que se possa, envia-se uma Armada; expulsam-se ou aniquilam-se os nativos; torturam-se os chefes deles para que indiquem onde estão os tesouros; dá-se carta-branca para todos os actos de crueldade e de cobiça, enquanto a terra fica empapada de sangue dos habitantes; e a esta execrável horda de carniceiros consagrados a tão piedosa expedição dá-se o nome de colónia, estabelecida para converter e civilizar um povo bárbaro e idólatra.

Devo, porém, confessar, que tal descrição jamais se aplica à nação britânica que pode servir de exemplo ao mundo inteiro pela sabedoria, cuidado e justiça demonstrados na fundação de colónias.

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Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 336

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249