Capítulo 4: Capítulo II
Página 86
Mas, sendo ele um navegador experimentado naqueles mares, ordenou a todos que nos preparássemos para um temporal. Com efeito, este ocorreu no dia seguinte, pois um vento de sul, a monção, começou a soprar com força. Ao darmo-nos conta de que ia aumentar a ponto de impedir o desdobrar das gáveas, abatemos a vela do gurupés e preparámo-nos para arriar a vela da mezena. Fazia um tempo tão terrível que prendemos com firmeza todos os canhões e afrouxámos a mezena. O barco inclinava-se muito, pelo que considerámos que era preferível navegar de frente para o temporal do que manobrar com todas as velas arriadas. Arriámos a vela do traquete e estendemo-la. Puxámos para a popa a escota do traquete e o leme todo para barlavento. O barco guinava com fúria. Prendemos um cabo para arriar uma vela do traquete, mas estava rasgada e baixámos a verga. Guardámo-la no barco e afastámo-la de tudo aquilo que estorvava. O temporal era violentíssimo. As ondas rebentavam com inusitado perigo. Puxámos com força a corda da barra, destinada a fazer girar o leme, e ajudámos o timoneiro. Não baixámos o mastaréu, deixando-o completamente levantado, uma vez que se deslizava muito bem face ao mar e sabíamos que com o mastaréu na mastreação o navio dispunha de maior estabilidade, e deslocava-se melhor pelas águas e tornava-se mais manobrável. Passada a tempestade, ajustámos a vela do traquete e a maior e manobrámos as velas. Ajustámos então a mezena, a gávea principal e a do traquete. Levávamos rumo este-nordeste com o vento de sueste. Subimos para bordo as amuras de estibordo. Soltámos as braças e as espichas de barlavento e puxámo-las para a frente com as bolinas de barlavento, apertando-as bem e amarrando-as. Puxámos com força a barlavento da amura da mezena e mantivemo-la o mais esticada e aberta que pudemos face ao vento.
|
|
 |
Páginas: 339
|
|
|
|
|
|
Os capítulos deste livro:
|
|
|