Capítulo 4: Capítulo II
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Hesitou uns instantes com a precaução de quem procura apanhar um animal pequeno e perigoso por forma a não ser mordido ou arranhado, como eu muitas vezes fizera em Inglaterra quando queria agarrar uma doninha. Finalmente decidiu apanhar-me e levantar-me pela cintura, entre o indicador e o polegar, e erguer-me a menos de três jardas dos seus olhos para poder contemplar melhor o meu aspecto. Adivinhei a sua intenção e a minha boa estrela concedeu-me tal presença de espírito que decidi manter-me o mais quieto possível enquanto ele me mantinha no ar, a uns sessenta pés do solo, embora me apertasse dolorosamente os flancos temendo que eu escorregasse entre os dedos. O máximo a que me atrevi foi erguer os olhos para o céu, juntar as mãos num gesto implorante e dizer algumas palavras em humilde tom de súplica totalmente adequado à situação em que me encontrava de momento, pois via-me já lançado para o solo, como costumamos fazer com qualquer animal pequeno e repugnante que pensamos destruir. Mas a minha boa sorte fez, ao que parecia, com que ele apreciasse a minha voz e gestos e começasse a olhar-me como se fosse um bicho curioso, ficando muito intrigado pelas palavras que articulara, ainda que não as compreendesse. Ao mesmo tempo, eu não podia evitar gemer, derramar lágrimas e voltar a cabeça para os lados, dando-lhe a entender, o melhor que podia, que a pressão dos dedos me provocava uma forte dor. Pareceu perceber o que eu estava a exprimir uma vez que, levantando a dobra da jaqueta, me colocou suavemente nela para se dirigir rapidamente para o amo, que era um abastado agricultor e a mesma pessoa que vira pela primeira vez no campo.
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Páginas: 339
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