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Capítulo 6: IV

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Ransome concordou. Mas a tripulação não podia ser tratada como um grupo de crianças. E mais ainda, não se podia censurar os homens por procurarem a frescura e o ar do convés. Ransome, evidentemente, era mais ajuizado.

Realmente, era um homem cheio de juízo. Só que não era fácil saber que dizer dos outros. Os últimos dias tinham-nos submetido como que à prova da fornalha ardente. De facto, não podíamos irritar-nos com a sua natureza de seres humanos normais e imprudentes, que procuravam aproveitar o melhor possível os momentos de folga, quando a noite traz consigo uma ilusão de refrigério, e a luz das estrelas cintila atravessando o ar pesado, denso e húmido. Além disso, a maior parte dos homens estava tão fraca que seria difícil fazer-se fosse o que fosse sem a participação de todos os que pudessem aparecer cambaleantes junto aos braços das vergas. Não, para nada serve objectar ao seu comportamento. Entretanto, eu sentia-me cada vez mais absolutamente convencido da utilidade imensa do quinino.

Acreditava nele. Punha nele toda a minha fé. Ele havia de salvar os homens, o barco, vencer o feitiço com a sua acção medicinal, fazer com que o tempo não contasse, com que as vicissitudes daquele clima não fossem mais do que uma perturbação passageira, e com que, como um pó com poderes mágicos, actuando contra secretos sortilégios, a primeira viagem do primeiro navio sob o meu comando tivesse êxito contra o poder maléfico da calmaria e da doença. Olhava-o como algo mais precioso do que o ouro, e, ao contrário do ouro, do qual parece sempre problemático haver o bastante em qualquer parte do mundo, o navio tinha uma reserva suficiente de quinino. Fui buscá-la, para pesar algumas doses. Estendi a mão para ele com a impressão de um homem em busca de uma panaceia infalível; peguei num frasco ainda intacto e desfiz o embrulho, observando, enquanto o fazia, que não tinha selo nem em cima nem em baixo.

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pág. 103 (Capítulo 6)

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 103

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129