«Então, comandante?»
Entrei. «As coisas não estão nada bem encaminhadas», disse-lhe.
De novo no seu beliche, Burns escondia a metade do rosto hirsuta na palma da mão.
«Aquele maldito tirou-me a tesoura», foram as suas palavras seguintes.
A tensão nervosa era tão grande que talvez fosse razoável que também Burns começasse por se queixar de uma coisa daquelas. Parecia extremamente ofendido com o facto e rosnava: «Ele julga que eu estou doido ou quê?».
«Não me parece, senhor Burns», disse eu. E olhei naquele instante para ele como para um modelo de auto-controlo. Cheguei mesmo, deste modo, a experimentar uma certa admiração por aquele homem que chegara (exceptuando o que restava da substância material da sua pessoa) tão perto de ser apenas um espírito liberto do corpo como jamais outro conseguira, e que ao mesmo tempo lograra continuar a viver. Observei atentamente a extraordinária linha afilada do seu nariz, as fontes profundamente encovadas, e senti inveja dele. Estava de tal forma desgastado que tinha todas as probabilidades de morrer sem delongas de maior. Homem invejável! Tão perto de se apagar por completo.