«Nem um único, senhor Burns», respondi. «Já não há fôlego para tanto a bordo deste navio. Não sei se sabe que há alturas em que não consigo juntar mais que três homens para fazer um trabalho que seja preciso.»
Ele perguntou imediatamente, cheio de medo:
«Mas ainda não morreu ninguém, comandante, pois não?»
«Não.»
«O que é preciso é que não morra ninguém», afirmou ele então energicamente. «Não podemos consentir que isso aconteça. Se ele apanha um, acaba por nos apanhar a todos.» Ouvindo aquilo, soltei um brado de cólera. Acho que me pus até a praguejar sob a influência daquelas palavras de endoidecer. Deterioraram todo o auto-domínio que ainda me restava. Perseguido por visões pavorosas ao longo das minhas vigílias eternas, cara a cara com o inimigo, já eu andava demais. Fui assaltado pela imagem de um navio à deriva, balouçando serenamente sob a brisa ténue, enquanto a sua tripulação ia vagarosamente morrendo pelo chão da parte superior. Coisas deste género, todos sabem que também sucedem.
Burns redarguiu com um silêncio enigmático à minha explosão:
«Ouça lá», disse-lhe eu, «nem o senhor mesmo acredita no que está para aí a dizer. É absolutamente impossível que acredite. Não pode ser. Não é isso o que eu tenho jus a esperar da sua parte. A minha situação é já bastante má, mesmo sem ter que me afligir com a estupidez das suas fantasias.»
Ele permaneceu impassível. Dada a maneira como a luz lhe caía na cabeça, não fiquei certo de ele ter ou não chegado a sorrir ao de leve. Mudei de tom.
«Ouça o que lhe digo.