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Capítulo 7: V

Página 125
É o meu dever para com o navio, e o meu dever para com os homens que lá estão em cima, no convés - alguns deles prontos a dar a última pulsação de vida a uma palavra que se solte dos meus lábios. E eu a recuar perante tudo isto. Perante o que não passa de mera imaginação. O meu primeiro comando. Agora percebo melhor a estranha incerteza que sentia no passado. Bem suspeitei eu sempre de que nunca prestaria para nada. E eis a prova cabal desse facto: recuo, não presto para nada.

No mesmo instante ou logo no seguinte, dei-me conta de que Ransome entrara na câmara. Na sua fisionomia havia algo que me fez sobressaltar. A significação disso, porém, era algo que não me sentia capaz de decifrar. Exclamei:

«Morreu alguém?»

Foi a vez de se mostrar ele sobressaltado.

«Se alguém morreu? Ninguém, que eu saiba, senhor comandante. Há uns dez minutos estive no castelo da proa, e nessa altura não havia por lá ninguém que tivesse morrido.»

«Você acaba de me meter um susto», disse-lhe eu.

A sua voz era extremamente agradável de se ouvir. Explicou-me que viera cá abaixo para fechar a vigia do camarote do senhor Burns, não fosse chover. Ignorava que eu estivesse na câmara, acrescentou.

«Qual é o aspecto das coisas lá fora?», perguntei.

«A verdade é que o tempo está muito escuro, senhor comandante. Aquilo traz coisa dentro, de certeza.» «Em que direcção vem?»

«É a toda a volta, senhor comandante.»

Eu repeti, como um tonto: «A toda a volta. Com certeza», com os cotovelos apoiados em cima da mesa.

Ransome ia-se demorando na câmara, como se lá tivesse ainda alguma coisa a fazer, mas hesitasse quanto a ela. Eu disse-lhe de súbito:

«Acha que sou preciso no tombadilho?»

Ele respondeu imediatamente, mas sem acentuar especialmente nada no seu tom de voz: «Sim, senhor comandante».

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pág. 125 (Capítulo 7)

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 125

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129