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Capítulo 2: I

Página 16
O tiffin fora servido apenas numa das pontas da mesa e o punkah revolvia preguiçosamente o ar cálido por cima do deserto estéril de madeira polida que ocupava a maior parte daquele espaço.

Éramos quatro à volta da toalha. Um era o desconhecido que eu vira há pouco a dormitar na cadeira da varanda. De momento, mantinha os dois olhos parcialmente abertos, embora estes continuassem a sugerir a impressão de nada verem. Estava muito inclinado sobre a mesa. O conviva de aparência extremamente correcta que se via ao lado dele, com grandes patilhas e queixo escrupulosamente escanhoado, era evidentemente Hamilton. Nunca na minha vida eu vira uma pessoa tão cheia de correcção no endossar das circunstâncias em que aprouvera à Providência colocá-la. Disseram-me que, na sua opinião, eu era um ilustre intrometido. Levantou por isso os olhos, e depois as sobrancelhas também, ao ouvir o ruído da minha cadeira enquanto eu a afastava.

O capitão Giles estava sentado à cabeceira da mesa. Troquei com ele breves palavras de saudação e sentei-me à sua esquerda. De configuração corpulenta e tez pálida, com o enorme zimbório refulgente da fronte calva e os olhos castanhos salientes, parecia tudo menos um homem do mar. Não seria caso de admirar se nos dissessem que se tratava de um arquitecto. Quanto a mim (e sei bem o absurdo do que estou a dizer), ele tinha um ar de sacristão. A sua aparência era por completo a de um homem de quem esperamos que os sentimentos sejam morais e os conselhos profundos. Isto era talvez o resultado de uma ou duas banalidades de circunstância, que ele declamava não por vontade de surpreender os outros, mas por arreigada convicção pessoal.

Era um homem sem qualquer emprego de posto fixo na marinha, apesar de gozar neste meio da maior consideração.

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 16

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129