Da proa, gritou a voz do marinheiro de vigia: «Terra pela amurada de bombordo!»
«Está bem!»
Apoiado no corrimão do tombadilho, não levantei sequer os olhos. A marcha do navio era insensível. Ransome trouxe-me então a chávena de café da manhã. Depois de o beber, olhei para a proa, e na banda calma cor de laranja ténue, muito brilhante, vi o perfil da terra baixa, como se estivesse recortada num papel negro e dando a impressão de, leve como cortiça, flutuar à tona da água. Mas o sol nascente transformou tudo aquilo numa simples massa de vapor escuro, numa sombra duvidosa e densa, tremeleando o seu revérbero escaldante.
O quarto terminou com a baldeação do navio. Desci e detive-me à porta do camarote de Burns (ele não tolerava que a fechassem), mas hesitei em dirigir-me a ele até ao momento em que vi os olhos mexerem-se-lhe, Dei-lhe as últimas novidades.
«Avistei o cabo Liant já com luz do dia. Mais ou menos, a umas quinze milhas.»
Moveram-se-lhe os lábios, mas não conseguia ouvir nada, antes de me inclinar na sua direcção e distinguir assim o seguinte comentário mal-humorado: «É como andar de gatas... má sorte!».
«Mesmo assim, é melhor do que ter o navio parado por completo», fiz-lhe notar resignadamente e abandonando-o às fantasias e pensamentos que o assaltavam no decorrer da sua prostração desesperada.
Mais tarde, nessa mesma manhã, depois de rendido pelo segundo piloto, lancei-me num beliche, e, durante perto de três horas, consegui um real esquecimento do mundo.