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Capítulo 6: IV

Página 92
Um esquecimento tão perfeito que não sabia onde estava quando acordei. Seguiu-se o imenso alívio trazido pela ideia: «A bordo do meu navio! no mar! no mar!...».

O meu olhar pousava através das vigias num horizonte raso, incendiado pelo sol. Era o horizonte de um dia sem vento. Mas a sua enorme dimensão bastava por si só para me inocular uma impressão de felicidade sem peias, uma alegria triunfante de libertação.

Com o coração mais leve do que nunca, desde há muitos dias, saí em direcção à câmara dos oficiais. Ao lado do aparador, vi Ransome preparando-se para pôr a mesa para o primeiro jantar no mar daquela viagem. Ao voltar para mim a cabeça, qualquer coisa nos seus olhos fez-me reprimir o meu humilde bem-estar.

Perguntei-lhe instintivamente: «Alguma novidade?», não esperando, nem de longe, a resposta que ele me ia dar. Fê-lo com uma espécie de serenidade contida que lhe era peculiar:

«Parece que não deixámos todas as doenças em terra, comandante.»

«Não deixámos? Que se passar»

Ele contou-me que dois homens da tripulação se tinham visto atacados de febre maligna durante a noite. Um deles parecia arder, o outro tremia de frio, mas na sua opinião, o mal de ambos era o mesmo, nem mais nem menos. Foi isso também o que me pareceu. Senti-me perturbado com a informação. «Um a escaldar de febre e o outro com arrepios de frio, foi o que você disse? Bem, assim não deixámos realmente a doença em terra. E eles parecem muito mal?»

«Normalmente mal, comandante.» Os olhos de Ransome encontraram-se com os meus. Sorríamos. O sorriso dele era como habitualmente um pouco pensativo; o meu devia ser, sem dúvida, suficientemente preocupante, de acordo com o meu estado de espírito exasperado.

Perguntei-lhe:

«Houve vento esta manhã?»

«Nem por isso, comandante.

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 92

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129