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Capítulo 6: IV

Página 99
Enganadora esperança! Uma noite de brisas enlouquecidas destruía as conquistas de uma boa sorte efémera e o nascer do sol destacava de novo a massa negra de Kohring, com uma aparência mais inóspita, mais desabrigada, mais ameaçadora que nunca.

«É como se estivéssemos prisioneiros de algum bruxedo, palavra», disse eu a Burns, um dia, da entrada da porta, de onde habitualmente lhe falava.

Ele estava sentado no beliche. Avançava o seu regresso ao mundo dos vivos, se é que se podia dizer que o tinha já alcançado. Abanou a cabeça afirmativamente, o rosto debilitado e com os ossos salientes, numa misteriosa expressão de prudência.

«Pois sim! Bem sei o que o senhor está a pensar», disse eu. «Mas não pode esperar que eu acredite que um morto tem o poder de desordenar por completo a meteorologia desta parte do mundo. Embora - não haja dúvida -- ela pareça andar inteiramente às avessas.»

«Dentro de pouco tempo, já hei-de poder subir ao tombadilho», murmurou Burns, «e então vamos ver!»

Não sei se ele pretendia significar acaso com esta promessa que estava pronto a bater-se corpo a corpo com aquela praga sobrenatural. Mas não era desse género de auxílio que eu precisava. Por outro lado, vivia no tombadilho, praticamente toda a noite e todo o dia, de modo a aproveitar o menor ensejo que aparecesse de impelir um pouco mais para sul o meu navio. O imediato - isso era para mim perfeitamente visível- encontrava-se ainda extremamente fraco e não se libertara por completo da ilusão que me parecia não passar de um sintoma do seu mal. Em todo o caso, as esperanças de cura de uma pessoa doente não devem ser desencorajadas. Eu disse-lhe:

«Pode ter a certeza de que será muito bem-vindo, Burns.

Se o senhor continuar a melhorar a esse ritmo, não tarda que seja um dos homens com mais saúde de toda a tripulação.

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 99

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129