Era um homenzinho de meia-idade, gasto com dentes maus e uma face sem pêlos. Tinha sido embarcado à última hora em Xangai, naquela viagem em que o segundo-oficial trazido de Inglaterra tinha atrasado a saída do navio durante três horas ao conseguir (de uma maneira que o capitão MacWhirr nunca foi capaz de compreender perfeitamente) cair pela borda e ir estatelar-se numa barcaça de carvão vazia atracada ao navio, tendo sido necessário mandá-lo para o hospital com uma comoção cerebral e um ou dois membros partidos.
Jukes não se deixou desanimar pelo som hostil.
- Os chineses devem estar a passar um mau bocado lá em baixo - disse. - É uma sorte para eles ter o Nan-Shan o balanço mais suave que eu já encontrei em qualquer navio. AI vem outro! Este não foi dos piores.
- Espere e verá - rosnou o segundo-piloto.
Com o seu nariz afiado, vermelho na ponta, e os lábios finos crispados, tinha sempre o ar de estar intimamente furioso; e era conciso no seu falar até ao ponto da má-criação. Passava todas as horas de folga no camarote com a porta fechada, mantendo-se ali tão imóvel que dir-se-ia adormecer mal desaparecia; mas o homem que vinha acordá-lo para o seu quarto no convés encontrava-o invariavelmente estendido de costas no beliche, com os olhos muito abertos fitando-o com irritação do fundo do travesseiro ensebado. Nunca escrevia cartas, não parecia esperar notícias fosse de onde fosse; e embora o tivessem ouvido mencionar uma vez West Hartlepool, foi com extremo azedume, e apenas em relação com os preços exorbitantes de uma hospedaria. Era um desses homens que são apanhados pelos portos desse mundo em caso de aperto. São razoavelmente competentes, parecem irremediavelmente falidos, não demonstram qualquer espécie de vício e são portadores de todos os sinais de manifesto falhanço.
