No impulso para a frente chocou com as costas do capitão MacWhirr, que não se moveu; e então uma mão agarrou-lhe com força a coxa. Produzira-se uma acalmia, urna ameaçadora acalmia do vento, a suspensão da respiração de uma tempestade - e ele sentiu-se todo apalpado. Era o mestre. Jukes reconhecia aquelas mãos, tão grossas e enormes que pareciam pertencer a qualquer nova espécie de homem.
O mestre tinha alcançado a ponte, caminhando de gatas contra o vento, e fora chocar com o alto da cabeça contra as pernas do imediato. Acocorou-se imediatamente e começou a explorar a pessoa de Jukes de baixo para cima, com toques prudentes, apologéticos, como competia a um inferior.
Era um marinheiro de cinquenta anos, feio, muito baixo, rude, peludo, de pernas curtas e braços compridos, lembrando um macaco envelhecido. A sua força era imensa; e nas suas grandes patas rugosas, destacando-se como luvas de boxe castanhas na extremidade dos antebraços cabeludos, os objectos mais pesados eram manuseados como brinquedos. Exceptuado o coiro coberto de pêlos grisalhos do seu peito, o seu ar ameaçador e a voz grossa, ele não possuía nenhum dos clássicos atributos da sua classe. O seu bom feitio chegava a ser quase imbecilidade: os marinheiros faziam o que queriam com ele e ele não possuía uma onça de iniciativa no seu carácter, que era bonacheirão e falador. Por estas razões, Jukes não gostava do mestre; mas o capitão MacWhirr, com desdenhoso desagrado de Jukes, parecia considerá-lo um oficial subalterno de primeira categoria.
Ergueu-se agarrando-se ao casaco de Jukes, tomando essa liberdade com a maior moderação, e só na medida em que lhe era imposta pela tempestade.
- Que é que temos, mestre, que é que temos? - gritou Jukes impacientemente.
