O capitão MacWhirr havia começado por despir o casaco, que pendurou na extremidade de um guindaste a vapor onde estavam incorporados todos os mais recentes aperfeiçoamentos técnicos.
-- O meu tio escreveu pela mala de ontem a recomendá-lo aos nossos bons amigos, os senhores Sigg, e sem dúvida eles vão mantê-lo no comando - disse o sócio mais novo. - O senhor poderá gabar-se de comandar o mais perfeito navio desta tonelagem na costa da China, capitão acrescentou ele.
- Ah sim? Obrigado - murmurou vagamente
MacWhirr, para quem a perspectiva de uma eventualidade distante não podia encantar mais do que a beleza de uma vasta paisagem a um turista míope; e como os seus olhos se encontrassem pousados nesse momento sobre a fechadura da porta do camarote, dirigiu-se para lá, cheio de decisão, e começou a abanar vigorosamente o puxador, ao mesmo tempo que observava na sua voz pouco elevada e séria: - Hoje em dia não se pode confiar nos operários. Uma fechadura nova em folha, e não funciona. Completamente encravada. Estão a ver? Estão a ver?
Logo que se encontraram sozinhos no escritório da firma, do outro lado do estaleiro:
- O senhor recomendou aquele sujeito ao Sigg. Que é que vê nele? - perguntou o sobrinho, com um ligeiro desdém.
- Reconheço que ele não tem nada do capitão da tua fantasia, se é isso que queres dizer - respondeu o tio secamente. - O contramestre dos carpinteiros do Nan-Shan está lá fora? Entre, Bates... Como foi que você permitiu que a gente do Tait nos deixasse uma fechadura defeituosa na porta do camarote? O capitão descobriu-a mal lhe pôs os olhos em cima. Mande substituí-la imediatamente. As bagatelas, Bates, as bagatelas...
A fechadura foi devidamente substituída e passados poucos dias o Nan-Shan zarpava para o Oriente, sem que MacWhirr tivesse feito mais quaisquer reparos a respeito dos seus acessórios, sem que se lhe tivesse ouvido proferir uma única palavra que sugerisse orgulho pelo seu navio, gratidão pela sua nomeação ou satisfação pelas suas perspectivas.