Tufão - Cap. 1: I Pág. 7 / 103

Com um temperamento nem loquaz nem taciturno, encontrava poucas oportunidades para falar. Havia questões de serviço, naturalmente - direcções, ordens e assim por diante; mas o passado estando no seu entender já arrumado e o futuro não tendo chegado ainda, as realidades mais gerais do dia não exigiam comentário - porque os factos podem falar P9r si próprios com esmagadora precisão.

O velho senhor Sigg gostava de um homem de poucas palavras e em quem se pudesse confiar «que não tentaria melhorar as instruções recebidas». Como MacWhirr satisfizesse estes requisitos, foi mantido no comando do Nan-Shan, e aplicou-se à prudente navegação do seu navio nos mares da China. O vapor fora registado como britânico, mas passado algum tempo os senhores Sigg consideraram vantajoso transferi-lo para a bandeira siamesa.

À notícia da prevista transferência Jukes ficou agitado, como se sob um sentimento de afronta pessoal. Andava de um lado para o outro resmungando para consigo próprio e soltando umas risadinhas desdenhosas. «Imaginem ter esse ridículo elefante da Arca de Noé na bandeira do nosso navio», disse ele um dia à porta da casa das máquinas. «Raios me partam se vou tolerar uma coisa dessas: prefiro mandar o emprego à fava. Isso não o faz sentir-se agoniado, senhor Rout?» O primeiro-maquinista limitou-se a pigarrear com o ar de um homem que conhece o valor de um bom emprego.

Na primeira manhã em que a nova bandeira flutuou na proa do Nan-Shan, Jukes ficou a olhar para ela amargamente da ponte. Debateu-se por um momento com os seus sentimentos, e depois observou:

- Estranha bandeira para um homem navegar com ela, sir.

- Que é que se passa com a bandeira? - perguntou o capitão MacWhirr. - A mim parece-me bem.





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