Tufão - Cap. 5: V Pág. 75 / 103

Na casa das caldeiras o gordo fogueiro do motor auxiliar trabalhava com a sua pá em silêncio, como se lhe tivessem cortado a língua; mas o segundo continuava a agitar-se como um maníaco barulhento e destemido, que tivesse conservado a sua arte de abastecer a caldeira de um navio.

- Olá, seu oficial vagabundo! Hei! Porque é que você não manda uma das suas lingas de merda levar daqui para fora esta cinza? Estou a ficar sufocado com ela. Raios a partam! Olá! Hei! Lembre-se dos regulamentos: Marinheiros e fogueiros ajudam-se mutuamente.

Jukes ia a subir freneticamente para sair dali, e o outro, erguendo a cara atrás dele, uivava:

- Você não sabe falar? Para que veio meter aqui o nariz? Pelo menos diga-nos o que anda a fazer?

Jukes estava possesso de um frenesim. Quando se encontrou de novo no meio dos homens, na escuridão da passagem, sentia-se pronto para lhes torcer os pescoços ao mínimo indício de se quererem esquivar. O simples facto de pensar nisso exasperava-o. Ele não podia esquivar-se.

Eles também não o fariam.

A impetuosidade com que surgiu no meio deles arrastou-os. Eles já se sentiam excitados e sobressaltados com todas aquelas idas e vindas - pela fúria e rapidez dos seus movimentos; e mais sentido que visto nas suas correrias, ele parecia formidável - ocupado com questões de vida ou morte que não admitiam delongas. À primeira voz ouviu-os cair obedientemente na carvoeira, uns atrás dos outros, com pesados baques.

Não havia uma ideia clara do que teriam de fazer. «O que é? O que é?», perguntavam uns aos outros. O mestre tentava explicar; os sons de uma grande luta surpreenderam-nos: e os potentes choques, repercutindo-se pavorosamente nas trevas da carvoeira, faziam-nos sentir-se preocupados pensando na espécie de perigo que podiam correr.





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