O soar da campainha do telégrafo acalmou-os instantaneamente. O ponteiro negro baixou num ápice de ATENÇAO para TODA A FORÇA.
- É agora, Beale! - gritou o senhor Rout.
O vapor silvou baixinho. As bielas começaram a baixar e a subir. Jukes encostou a orelha ao tubo. A voz parecia estar à espera dele e disse:
- Recolha todo o dinheiro. Leve agora quem o ajude. Quero-o de volta cá em cima.
E foi tudo.
- Sir? - chamou Jukes. Não houve resposta.
O imediato cambaleou como um homem que se afasta do campo de batalha. Tinha feito, de uma maneira ou de outra, um golpe por cima da sobrancelha esquerda - um golpe profundo. Ele não tinha a mínima consciência disso: o mar da China, em doses suficientes para lhe quebrarem o pescoço, tinha-lhe passado por cima da cabeça, tinha desinfectado, lavado e salgado aquela ferida. Não sangrava, era apenas um talho vermelho; e esse corte por cima do olho, o seu cabelo em desalinho, a desordem das suas roupas, davam-lhe o aspecto de um homem que ficara a perder numa luta a soco.
- Tenho de ir apanhar os dólares. - Apelava para o senhor Rout, com um lamentável sorriso fortuito.
- O quê? - perguntou o senhor Rout, precipitadamente. - Apanhar...? Não me interessa... - Depois, com todos os músculos a vibrar mas exagerando o tom paternal: - Vá-se embora agora, pelo amor de Deus. Vocês, o pessoal de convés, ainda dão comigo em louco. E depois aquele segundo-piloto que se atirou sobre o velho. Não sabia? Vocês estão a ficar descontrolados por não terem nada que fazer...
Ao ouvir aquelas palavras Jukes descobriu no seu
interior um começo de cólera. Não terem nada que fazer essa era boa... Cheio de escaldante desprezo contra o chefe, deu meia volta para regressar por onde tinha vindo.
