Tufão - Cap. 5: V Pág. 77 / 103

A agitação baixou por um momento.

A massa dos chineses estava fechada numa aglomeração tão compacta que, dando os braços e ajudados por um pavoroso mergulho do navio, os marinheiros atiraram-na para a frente, como um bloco sólido. Atrás das costas deles pequenos cachos e corpos soltos andavam aos boléus de um lado para o outro.

O mestre realizou prodígios feitos de força. Com os seus compridos braços abertos e cada uma das suas grandes mãos agarrada a uma coluna, deteve a investida de, sete chineses entrelaçados que rolavam como um pedregulho. As suas articulações estalaram; ele disse «ah!» e eles voaram cada um para o seu lado. Mas foi o carpinteiro quem demonstrou maior inteligência. Sem dizer nada a ninguém voltou atrás à passagem para trazer alguns rolos de petrechos de carga que tinha visto lá - correntes e cordas. Com elas improvisaram-se cabos salva-vidas.

Não houve a bem dizer qualquer resistência. A luta, como quer que tivesse começado, transformara-se numa sarrafusca de pânico cego. Se os chineses tinham começado a bater-se pelos seus dólares, nessa altura só lutavam para se segurarem. Agarravam-se uns aos outros pelo pescoço meramente para se salvarem de ser precipitados de um lado para o outro. O que conseguia deitar a mão a qualquer coisa atirava pontapés aos outros que se lhe agarravam às pernas para se segurarem, até que um balanço os atirava a voar todos juntos para o outro lado da coberta.

A chegada dos diabos brancos foi um terror. Teriam vindo para matá-los? Os indivíduos arrancados do montão tornavam-se inertes nas mãos dos marinheiros: alguns, puxados para fora pelos tornozelos, ficavam passivos, como corpos mortos, com os olhos arregalados, fixos. Aqui e ali um coolie caía de joelhos como a pedir clemência; alguns, a quem o excesso de medo descontrolava, eram aquietados com um murro entre os olhos; enquanto os que estavam feridos se submetiam a ser tratados rudemente, pestanejando rapidamente sem um protesto.





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