Depois de um ou dois minutos, pôsse a caminhar na direção em que morava a Lebre de Março. “Já vi chapeleiros antes”, disse consigo, “uma Lebre de Março deve ser bem mais interessante, e além disso, como estamos em maio, talvez ela não esteja tão delirante... ao menos não tão louca quanto em março.” Ao dizer isto, olhou para cima, e lá estava outra vez o Gato, sentado num galho de árvore.
“Você disse ‘porquinho’ ou ‘coquinho’?” perguntou o Gato.
“Eu disse ‘porquinho’”, respondeu Alice. “Eu gostaria muito que você não ficasse aparecendo e desaparecendo tão repentinamente. Você deixa qualquer um tonto!”

O gato sorridente aparecia e desaparecia de repente.
“Tudo bem”, disse o Gato. E, desta vez, ele foi desaparecendo bem devagar, começando na ponta do rabo e terminando no sorriso, que ainda permaneceu por algum tempo no ar depois que o resto já tinha sumido.
“Epa! Eu já vi muitos gatos sem sorriso”, pensou Alice, “mas nunca um sorriso sem gato! É a coisa mais curiosa que já vi em toda a minha vida!”
Alice não precisou andar muito até chegar diante da casa da Lebre de Março. Ao menos, achou que devia ser aquela casa, porque as chaminés tinham formato de orelhas e o telhado era coberto de pele. Era uma casa tão grande que ela não quis aproximar-se sem antes mordiscar mais um pedacinho do cogumelo da mão esquerda, até alcançar setenta centímetros de altura. Mesmo assim, caminhou em direção à casa com muita timidez, dizendo a si mesma: “Imagine se ela estiver delirando! Eu quase chego a desejar que tivesse ido visitar o Chapeleiro!”